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Recolhas

O envolvimento da comunidade na realização do Festival Solstício
O envolvimento da comunidade na realização do Festival Solstício consubstanciou-se na sinalização de dinâmicas de um coletivo, (a que chamamos comunidade ou comunidades), inscritas na região do interior do Concelho de Odemira, Santa Clara-a-Velha e Sabóia.
Interessou-nos neste trabalho, por um lado, contaminar a proposta de Festival de Dança e Música da Associação Pédexumbo, dando a ver expressões e saberes tradicionais populares específicos de uma região, inseridos num contexto performativo e, por outro lado, criar mecanismos de fixação e de disseminação dessas mesmas expressões e saberes, vivos ou a residir nas memórias das gentes locais, estendendo-as ao coletivo alargado que frui o Festival.
"O lugar de enunciação da ecologia de saberes são todos os lugares onde o saber é convocado a converter-se em experiência transformadora", como defende Boaventura de Sousa Santos.
Colocar em rede estudos de diferentes realidades, memórias, realidades artísticas é promover a construção inacabada e inacabável (nisto a imprevisibilidade ganha um lugar importante) de criação de metáforas e epistemologias que podem, juntas, concorrer para uma melhor compreensão de determinados fenómenos e, ainda, para a aposta de uma melhor realidade. (SANTOS,B. "A filosofia à venda, a douta ignorância e a aposta de Pascal". In Revista Crítica de Ciências Sociais, 80, Março 2008: 11-43, cit. por Ramos Ramos, R. Epistemologia do Sul: Ecologia dos Saberes na Red Sudamericana de Danza, www.movimiento.org).

Dia 21


10h00-11.30 - Pequeno-almoço à moda do Alto do Mira |Grupo Etnográfico Gente do Alto Mira da Casa do Povo de Santa Clara-a-Velha | Fonte do Azinhal**

À primeira refeição do dia chamavam almoço, hoje chamamos pequeno-almoço. Porquê? e O Quê? que se comia logo pelo romper do sol, na região do Alto Mira, é o que podemos ficar a saber, através dos sentidos, sobretudo o do paladar. As papas de milho, com o milho moído na altura, numa pequena mó de andar por casa, era uma das comidas habituais das gentes desta região. Acompanhavam as sopas ou, em dias de festa, fatias de ovo.
"Preto por fora, amarelo por dentro, bufas à roda e o cacete dentro." O que é? São as papas. As papas de milho eram cozinhadas em lume de chão num tacho de cobre ou ferro (" preto por fora e amarelo por dentro"), ferviam ("bufas à roda") durante horas até cozer o milho, enquanto se ia mexendo com uma colher de pau ("e o cacete dentro"). Damos também a conhecer as Alconcaras, doces secos feitos com azeite e mel, típicas do Concelho de Odemira.
Máximo pessoas – 30

11h00 – 13h00 - Reconhecimento da aldeia de Santa Clara-a-Velha e das Instalações Artísticas realizadas com a comunidade:

TRAMA - Instalação - Um Olhar sobre o trabalho do Artesão Manuel Jacinto | PIA – Projectos de Intervenção Artística| Espelho d`Água
Surge como uma abordagem contemporânea, sob a forma de Instalação, ao tradicional, e já quase esquecido, "covo de chaiço", um objeto ovoide e vazio, construído em varinhas de salgueiro de variados diâmetros, que entrelaçados, criam uma trama rígida e resistente, utilizada como armadilha para o peixe (barbos), nos extensos leitos do Rio Mira.
A PIA, sob a direção de Pedro Domingues, num trabalho aberto à participação da comunidade, intervém plasticamente in situ no espaço que irá acolher o Festival Solstício, inspirando-se no trabalho do artesão local Manuel Jacinto, um dos poucos anciãos que ainda mantém vivo o conhecimento e a prática desta técnica de cestaria.

Árvore das rendas | Grupo de convívio de senhoras da comunidade de Santa Clara | Chorão no Espaço Criança – Espelho d`Água
As rendas realizadas desde sempre pelas senhoras em contexto doméstico para decoração do lar, chegam aos nossos dias não só como testemunho dessas práticas no feminino, mas também como meio para a criação de arte contemporânea. Com o Grupo de convívio de senhoras da comunidade de Santa Clara revisitamos algumas destas múltiplas valências que a arte de fazer renda nos oferece. Este espaço nasceu da vontade e da persistência de um grupo de senhoras, em parceria com a Paróquia, com a finalidade de partilhar companhias saberes e afetos.

11h00 – 13h00 - Oficina de Construção e Lançamento da Embarcação de Atabua |Jaime Pais | Campo Gaiato - Espelho d`Água **

Jaime Pais trabalhou como aprendiz de marceneiro e depois fez-se mestre. Conhecedor das espécies arbóreas locais e da sua utilização no ofício, é também um escultor de primeira água. Conhece bem o que a Natureza pode oferecer para a construção de abrigos, embarcações, objetos de decoração, instrumentos de percussão entre outros. No Festival Solstício, Jaime Pais apresenta-nos uma embarcação em atabua e juntos vamos acabar de a construir e lança-la á água.
A atabua é uma planta que cresce nas margens do rio, e que se encontra ao longo da margem Rio Mira, em Santa Clara e nas terras vizinhas.
Máximo pessoas – 10

Circuito Artes da Terra | SMAC | Espelho d`Água
Fotografias de pormenor da fauna e flora locais, de David Schneider-Lippert, e raízes com morfologias curiosas fazem um pequeno circuito, junto do recinto do Festival, para dar a ver um outro olhar sobre o Mundo que nos rodeia, mas que nem sempre a vista alcança. Uma organização SMAC - Sonhadores das Moitinhas Associação Campestre.

Exposição Artes da Terra – Esculturas de raízes de urze e trabalhos de madeira | Maria Odete Oliveira e Jaime Pais | Rua do Beco das Flores, n. 13 (perto da Casa do Povo, junto à Loja de Artesanato "Saco do Linho"
Maria Odete Oliveira encontra nas raízes de urze antropomorfias e zoomorfias que explora plasticamente e transforma-as em objetos/esculturas.
Jaime Pais, carpinteiro de formação, produz o objeto a partir de madeira e trabalha-o plasticamente com técnicas da marcenaria.
Esta exposição acontece no n.º 13 da Rua do Beco das Flores, uma casa particular, gentilmente cedida para o efeito, por Jaime Pais e a sua família.

Que GENTE é esta? E que COISA É esta? – Registo sonoro sobre as gentes e os objetos da terra. | Parte 1/5 | Uma criação Pédexumbo | Loja de Artesanato "Saco do Linho" (perto da Casa do Povo)
Mas que GENTE é esta? E que COISA é esta?
Esta, tem nome! Nome de gente. Nome de coisa. De coisas que fazem gentes. E de gentes que fazem coisas, como gente grande.
Uma criação Pédexumbo, com a Direção técnica de Nuno Morão, que visa a partilha de uma mancheia (Parte I) de testemunhos que fazem o B.I. das Gentes e das Coisas de Santa Clara, Sabóia e aldeias vizinhas.

Sílvia Cortes acolhe a instalação sonora na sua loja de Artesanato "Saco do Linho", situada perto da Casa do Povo.

História aos retalhos - A criação feminina na memória e reinvenção da tradição| Joana Rita | (Local a definir)
Joana Rita encontra-se atualmente em Lisboa a desenvolver o projeto final do Mestrado em Ilustração da Escola Superior de Artes do Porto – Guimarães. A sua investigação tem por objetivo a promoção do conhecimento e valorização da criação feminina, especialmente na arte de cariz tradicional ou onde se reinvente a tradição.
Ao longo da sua estadia em Santa Clara, Joana Rita propõe-se realizar um diário de bordo, uma História aos retalhos sobre a criação feminina na memória e reinvenção da tradição.

19h30 – 20h30 - Contos em Roda | "A Zorra Berradeira", Literatura oral do Concelho de Odemira, Câmara Municipal de Odemira | Fonte do Azinhal
A Câmara Municipal de Odemira editou em 2012, com coordenação de Ana Tendeiro, o livro "A Zorra Berradeira e outras histórias" um projeto de recolha e registo de Literatura oral do Concelho de Odemira.
Aqui queremos revisitar esta obra com alguns dos autores do livro e ouvir "histórias da tradição oral que nos remetem para um mundo intemporal e maravilhoso".
Contadores: Ana Tendeiro e Manuel Duarte

20h30-21h00 - Celebração do Solstício - SMAC | Junto ao Campo Gaiato
Sonhadores das Moitinhas Associação Campestre (SMAC) – é um coletivo de pessoas que se junta para dar forma a um conjunto de atividades artísticas e recreativas. Constituído por pessoas oriundas de vários pontos do Mundo, mas também naturais do Concelho de Odemira, vão estar no Festival do Solstício a promover encontros entre músicos percussionistas e o artesanato dos seus colaboradores, em redor de tendas tipis (tendas usadas por tribos nómadas).

Dia 22


9.30h00 – 11h30 - Percurso pedestre ao longo do troço do Rio Mira a jusante da barragem, entre o Espelho de Água da aldeia de Santa Clara-a-Velha e o pontão do Monte da Cruz, para reconhecimento do "Projeto de controlo do acacial e valorização da vegetação ribeirinha" – Conservação e Biodiversidade | Local de encontro: Recinto do Festival**
Um passeio ribeirinho ao longo do troço do Rio Mira a jusante da barragem, entre o Espelho de Água da aldeia de Santa Clara-a-Velha e o pontão do Monte da Cruz, para reconhecimento dos resultados das intervenções de beneficiação levadas a efeito recentemente [Frente Ribeirinha da Aldeia (2010) e "Projeto de controlo do acacial e valorização da vegetação ribeirinha" (2012-13) – Usufruto sustentável, Conservação e Biodiversidade]
Ver aqui, a propósito, o testemunho do Grupo MiraClara (movimento local de cidadania) que participa ativamente nestas iniciativas e outras associadas ao Rio e ao desenvolvimento sustentável do interior do Concelho de Odemira http://projectorios-miraclara.blogspot.pt/.
Assim, queremos que todos os que fazem o Festival Solstício participem ativamente na consolidação das iniciativas de valorização deste troço do Rio Mira, seja através da eliminação de pés de acácia entretanto rebentados (arrancar com a raiz!) ou na preservação da recente plantação de espécies autóctones (freixo, amieiro e choupo), p.ex. assinalando plantas danificadas ou secas, protetores tombados, ou mesmo contribuindo com um balde de água numa sessão de rega generalizada!
Sobre isto, interessa-nos também refletir sobre as relações de interação entre o homem e a Natureza e na forma como os dois podem beneficiar um do outro sem perda para nenhum deles quando são respeitados princípios básicos de sustentabilidade.
Como exemplo, referimos a utilização agrícola das várzeas e os Ofícios da Cestaria e da Marcenaria (com a utilização das madeiras de espécies locais para os mais variados fins), atualmente em profundo declínio, como potenciadores da colaboração na limpeza das margens ribeirinhas, com vista ao uso do material vegetativo como matéria- prima, para a realização de produtos ou bens.
A conduzir a visita e em colaboração com a Engenheira Helena Ramos Ribeiro, contamos com o Jornalista e Biólogo Miguel Monteiro que vai também identificar espécies da fauna local e abordar todas estas questões ao longo do percurso aqui proposto.
Helena Ramos Ribeiro – Engenheira Silvicultora – Gestora de Recursos Naturais
Miguel Monteiro – Jornalista e Biólogo
Máximo pessoas – 25
Cerca de 3Kms (levar chapéu, protetor solar, calçado confortável e água)

11h00 – 14h00 - Atividade Local | Oficina de Gastronomia do Alto Mira com Conceição Dias | Casa do Povo de Santa Clara *
A aridez da região e a pouca abundância contribuíram para a cozinha tradicional alentejana se apresentar única e quase impossível de se reproduzir fora da região, pela especificidade dos condimentos utilizados. Utiliza ingredientes que se encontram à mão, que a Natureza oferece, como as ervas, mas também o azeite e o pão, e conta com o engenho de quem cozinha.
Conheça alguns segredos desta cozinha e prove os seus sabores com o "jantar" de grão com Conceição Dias.
Máximo pessoas – 15

15h30 – 17h30 - Visita a Yurt (abrigo mongol) com coleção de Instrumentos do mundo – monocórdio, balafom, tambores de água e muitos mais - Myrta Naf + Romuald | Local de encontro: Junto à Bilheteira**
Myrta Naf, natural da Suíça, decidiu ir viver com a família para junto da Barragem de Santa Clara. Acolhe-nos no seu monte em Cortes Pereiras e leva-nos a uma viagem pelo mundo. Na sua tenda Mongol (Yurt), onde guarda uma interessante coleção de instrumentos do mundo, convida-nos a tocar e a experimentar os instrumentos. São eles: monocórdio, balafom, tambores de água e outros instrumentos de percussão de quase todo o mundo.
www.atelier-das-plantas.weebly.com
Máximo pessoas – 12

19h30 – 20h30 - Desta água beberei - Grupo Etnográfico Gente do Alto Mira da Casa do povo de Santa Clara-a-Velha | Local de encontro: Largo da Igreja Ir à fonte com a cantarinha buscar água era, em tempos idos, uma prática diária realizada ao início da manhã e ao fim da tarde.
"Desta água beberemos" na Fonte do Azinhal! Com o Grupo Etnográfico Gente do Alto Mira vamos encher as cantarinhas de água e vamos cantar e bailar ao redor da Fonte.

22h00 – 23h00 - as modas e os modos, Maria do Alto Mira | Fonte do Azinhal
As modas e os modos da Maria do Alto Mira são de apreciar e chorar por mais. Odete Oliveira é detentora de um património humano sem medida, que se traduz na forma generosa como oferece o seu saber sobre os usos e costumes da vida rural de antigamente a contar e a cantar.

Dia 23


9h30 – 12h.30 - Sporting Clube Santaclarense | Passeio pedestre da Serra à Barragem do Mira. Inclui merenda.**
O Sporting Clube Santaclarense, desde logo um colaborador do Festival Solstício, propõe um agradável passeio pela Serra, com vista sobre o vale onde corre o rio Mira e se aloja a albufeira, até à Barragem do Mira. É oferecida uma merenda.
A Barragem de Santa Clara, também conhecida como Barragem do Mira, foi mandada construir pelo Estado Novo. Na altura designada por Barragem Marcelo Caetano, era uma das maiores barragens da Europa. Cobre uma enorme extensão de terra e abastece de água vários concelhos.
Local de encontro – Largo da Igreja
Máximo pessoas – 50
Cerca de 7 Kms (levar chapéu, protetor solar, calçado confortável e água)

19h00 – 20h00 - Apresentação do Repertório do Grupo Etnográfico Gente do Alto Mira da Casa do Povo de Santa Clara-a-Velha com quadros vivos dos Ofícios da Região | Palco dos Covos
O Grupo Etnográfico Gente do Alto Mira da Casa do Povo de Santa Clara-a-Velha, promove e divulga a cultura e a tradição do Concelho de Odemira, com o desfile das figuras típicas trajadas à época, representando os usos e costumes, ilustrado com músicas de sua autoria e outras da Região. Neste espetáculo podemos ver representados os seguintes ofícios: Caldeireiro, Sardinheiro, Fiandeira, Almocreve, Colmeeiro, Ceifeira, Mondadeira, Pescador do rio (com covo e galrito) e a Remendadeira de sacas de farinha.


* Inscrições limitadas. 5€ com almoço incluído
** Inscrições limitadas.